Em meados de outono foi a primeira vez que vi Carolina. O vento frio chicoteava a alma, eu passeava despreocupadamente pela orla, estava distraído com o barulho das ondas. Todos os sábados, saia às seis da manhã, indiferente às intempéries não quebrava a rotina. Dar uma volta pelo bairro era quase uma religião, um ritual de abstração. Na época atuava como fotógrafo. Os primeiros momentos do dia propicia a luz é ideal. Vi ao longe uma figura diferente, parecia uma estátua, estava sentada de costas para o mar, com os pés fincados na areia, o rosto estava coberto por longos cabelos de fogo, aproveitei a câmera e tirei a primeira foto. À medida que avançava em sua direção eu a fotografava. Fiquei menos de um metro de distância, O vento atiçava os cabelos rubros, mas ela não mexia nenhum músculo. Fiquei hipnotizado, não sei por quanto tempo, de repente, ela virou a cabeça em minha direção. Como as espumas eram chupadas pela areia aquele olhar me tragou. Olhos de nuvem me surpreend