De repente, o toque em meu dedo esquerdo fez a mente voar. Retrocedi as horas, os dias, os anos e, então, me deparei com seis anos de idade na sala de artesanato no fundo da Igreja São José. Vi nitidamente os rostos, as mãos, as bocas, os olhos, as linhas, as lãs, as agulhas, as receitas, as cadeiras, as revistas, as janelas abertas em mim. Imagens animadas há muito tempo perdidas. Um quadro vívido de um momento esquecido, onde o sonho não tinha limites e medos. Vejo uma saia vermelho-cereja, pernas morenas e aconchegantes. Eram as pernas de minha mãe. Eu ali sentada no banquinho perto delas, que eram o meu apoio, acalanto e porto seguro. As mocinhas frequentavam as aulas de artes manuais, porque na maioria dos casos suas mães, avós, tias e primas também estavam ali. Era costume de aquela comunidade suburbana incentivar a tradição do artesanato. Outras estavam ali, pois era única forma de sair de casa, visto que naquele tempo não era permitido as “meninas de família” bater p