Novembro...
Novembro chegou. Minha avó dizia,
"Pietra, minha filha, esse é o mês do expurgo, mês pesado,..." Eu
ouvia mais não dava atenção, lembro-me com muita clareza desses ditos, ou
melhor, dizendo, previsões.
Muitos anos depois, eu já
havia constituído família, morava um apartamento espaçoso em
Olinda de frente pro mar.
Era Novembro 2013, estava animadíssima
para o Natal. Optei por fazer toda ornamentação artesanalmente, afinal meses
antes fiz cursos de bordados, bonecos, ... Queria por em prática tudo o que
havia aprendido.
Os meninos estavam entusiasmados Pedro,
João e Thiago, só falavam nos desejos do dia de Natal, Pedro gostava de bolo de
nozes, João preferia bolo de chocolate com cobertura de chantili e
Thiago, o menor, comia tudo que tivesse.
O pai das crianças era bancário, e
nesse período, chegava à casa muito estressado. Então eu parava de fazer
"arte" e dava atenção a ele. Contudo, ele carinhosamente me dizia que
nem iria jantar e preferia dormir de tão exausto. Eu dizia que aquilo não
estava certo, mas ele insistia em me dizer que comera bem no almoço, ou estava
com dor de cabeça,... Dava milhares de desculpas.
Porém, no feriado de 15 de novembro.
Recebi a visita de meus sogros que iriam passar as festas de final de ano
conosco. Dona Arlete e Seu João eram pessoas maravilhosas.
Durante o almoço, minha sogra comentou
que achava o filho um pouco abatido e perguntou se nós estávamos passando por
alguma dificuldade. Eu prontamente respondi "Thiago está assim é por causa
do trabalho, esta função de gerência é muito desgastante." A velha senhora
assentiu com a cabeça, mas lançou um olhar diferente para o filho, ele por sua
vez abaixou a cabeça e não disse nada. Confesso que na época percebi, mas
não dei importância.
O resto do dia transcorreu
tranquilamente, e à noite fomos passear na orla. Os meninos com suas bicicletas
e patins corriam à frente e o pai seguia-os de perto, logo atrás vinha eu e os
velhos. De repente Pedro caiu dos patins e os outros dois de bicicleta nem
perceberam. Eu corri até o meu primogênito e o socorri. Pedrinho não
queria ajuda queria voltar para junto dos irmãos eu disse que não que iríamos
voltar, foi então que ele me disse "Nada disso mamãe, eu vou ficar eu
aguento, quero continuar brincando".
Neste meio tempo o pai, os outros
irmãos e os meus sogros chegaram até nós. Eu repliquei "O
passeio acabou vamos voltar e ponto final." O menino me olhou firmemente e
disse "Estraga prazer! É por isso que o papai prefere ficar com a mãe da
Julinha do que contigo!"
Dona Arlete se intrometeu "Menino,
deixe de maluquice! Fique quieto!", Pedrinho continuou "Voika! Todo
mundo sabe que o papai sai todas as tardes com a mãe da Julinha."
Eu fiquei congelada, a cabeça girou e
senti o peso das proféticas palavras de minha avó. Eu me afastei deles, sai sem
rumo, simplesmente precisava entender o que estava acontecendo. Não ouvia mais
ninguém, caminhei sem destino por algum tempo.
Quando percebi estava perto da casa da
"tal Julinha", toquei a campainha e uma menina morena apareceu. Eu
disse "Julinha, você poderia chamar sua mãe, tenho um recado pra
ela."
A menina saiu correndo em direção à
casa e gritou "Mamãe ! Mamãe! Tem uma mulher chamando" Apareceu logo
em seguida, uma mulher que ao me avistar empalideceu. Eu a encarei nos
olhos e disse "Eu sei de tudo, você e Thiago são amantes!" Ela ficou
muda e deu um passo para trás com a intenção de voltar a casa, mas continuei
"Me ouça, acabei de saber de tudo, não precisa fugir. Só quero saber desde
quando vocês estão juntos?" Ela me olhou e disse "Não era para ser
assim, eu e ele temos um caso antigo, Julia é filha dele." Minha pressão
caiu e desmaiei, só vim acordar no domingo. Minha irmã disse-me que eu
fiquei em estado catatônico, precisei ser medicada e a internação foi para o
meu bem.
Hoje, quando chega novembro entro numa
crise de ansiedade, mas a terapia tem ajudado. Os meninos vão passar a festa de
final de ano com o pai e a irmã. Eu vou viajar as malas já estão prontas desta
vez vou para Taiti.
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