BIBLÍON

(Bibliote Juracy Magalhães Jr- 
Arquivo da biblioteca/Ritinha Castro)


de orelha em orelha
os livros vão cochichando os seus segredos
os românticos versejam galanteios,
os ultra-românticos declamam
suas angústias e seus medos.

de orelha em orelha
vão acordando toda estante
agora não mais cochicham
falam alto, em tom empolgante

cada qual quer expôr suas relíquias
suas palavras, frases, ideias
misturam se entre si
formam outra dialética.

de orelha em orelha
vão defendendo suas historias
os livros de autoajuda
explicam a capacidade de sua bem feitura.

os de mistério são sérios,
preferem ouvir do que falar
enquanto os de viagem que não param de tagarelar.
os de ficção discutem com os científicos
enquanto um defende o absurdo, o outro critica os delírios.

E assim vai,
sucedendo a falatória,
não há mais cochicho
a conversa virou grito
o caos se implantou
até que o relógio avisou:
 a noite acabou.

Fiat Lux: fez-se a luz!
Começa um novo dia na biblioteca.








Comentários

  1. Genial, perfeito. A melhor poesia que já li de você. Insisto, devia escrever um livro com essas genialidades. Beijos (sempre soube que livros tinham vida).

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    Respostas
    1. Grata! (Psiu! Vou contar um segredo eu concordo com sua opinião, o livros são vivos);)

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