Cochilo (um conto em construção)

 Nu reclinado em rede, Antônio Frilli (Créditos: Redes Vitória)

Aquelas tardes quentes de preguiça, o Sol encoberto entre nuvens, a brisa morna, o vai e vem da rede, o marulho ao longe. Deu aquela vontade de  contemplar o firmamento, e nesse pensar fui adormecendo. 

Acho que vi os meus cabelos em desalinho, que pendiam ao chão. Percebi que as memórias que vinham fila indiana me acalentar, enchendo a minha rede até transbordarem lentamente em direção do mar.

O meu corpo permaneceu inerte, mas a minha alma fugiu com as lembranças. A brisa me sussurrou segredos, eu lhe sorri. Corri em direção à praia, mas meus pés não deixavam marcas, não tocavam a areia branca que me cegava. O meu corpo etéreo misturou-se com as ondas do mar, sentia que flutuava no vai e vem das ondas, uma voz ao longe me chamava.

Sem saber ao certo avistei uma casa, ela era minha, deu uma vontade de ficar por lá. Mergulhei sem medo me encontrei menina brincando com as estrelas do mar. Tentei tocá-la, mas as mãos não seguravam nada, aquela memória se desfez. Eu fui arrebatada.

Acordei com minha neta, acariciando os meus cabelos. Seus olhinhos verdes, seu rosto rosado, seu sorriso alvo,... me fez sentir eterna.


Ela era eu, menina dos meus sonhos.


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